
Bateu uma saudade imensurável porque os nossos amigos ali das Ruas do Padre, 11 de Setembro, 1º de Maio, do Beco, das Cavernas, dos Circos, das peladas nas ruas de paralelepípedos, dos jogos de contos de carteiras de cigarro, de bila, castanha, das brincadeiras de caí no poço, esconde-esconde, herói e bandido, entre tantas que a tecnologia através do celular, das redes sociais, jogos de computadores e outras modernidades não conseguem mais juntar.
O autor fez-me embarcar em uma viagem de sonhos, me transportar como uma máquina do tempo para momentos ímpares, óbvio, com amigos companheiros que nos tempos de hoje, com tanta gente mercenária e interesseiras não existem mais. Mas como a história é fato, como o tempo não conseguiu apagá-la, o nosso prazer em lembrar aqui nesse espaço também é gratificante.
(Everaldo)
Não dá para contar a história dos companheiros de infância. São tantas, como muitos eram os que se reuniam no patamar da Igreja Nova, na calçada da igrejinha ou na areia da Cooperativa. Alguns, Deus chamou: Muniz de Seu Né, Babá de Luiz Barbeiro, Wilson de Tiago, Mário de Dona Filosinha, que se foi recentemente; outros desapareceram: Hélio de Leopoldo, Nanai e Beto de Seu Dércio. Os que restam não querem mais jogar bila, castanha, pinhão, empurrar a roda de breque, morcegar nos caminhões, juntar carteira vazia de cigarro, dirigir carro de colchão na ladeira do Morais, soltar papagaios, tomar banho no Açude Velho, disputando quem chegava primeiro no toco, procurar Guanabara, tirar laranja no circo por baixo da empanada.
Zé de Elisa, por onde andará?
E Nego Chimba?
E Nego Máximo?
E Zé de Ostiano?
E Toinho de Zé Jacó?
E Abraão de Seu Quincó?
E Zé de Seu Nem?
Alberto de Mestre Helvídio tomou juízo e agora só quer saber de sua bigorna; Bertim vive enfurnado na sua bodega; Maurim foi pontificar na política de Petrolina, virou vereador, com o companheiro Seráfico; Ribamar e Edmundo e Seu Mitonho, não têm mais tempo pra nada, cuidando de sua empresa; Joãozinho de Seu Né só quer saber de fazenda, a do Estado e a da Serra; Geraldo de Dona vive cuidando das coisas culturais; encontrei Zezinho de Dona Joaninha, em Belo Jardim; Miguel Pereira daqui a pouco é dono do Bandepe; Ranilson de Seu Né tem o “hobbie” de ser Secretário de Governo, já foi bem uma dez vezes; Nivaldo de Chico Cícero pegou mania de corretor de imóveis; Zé de Seu Rodrigo danou-se pra Floresta e nunca mais deu notícia; Djalma de Seu Lídio foi embora pra Alagoas, onde casa e batiza, é prefeito de Maceió; Lelê de Seu Dorico é o mandachuva do Banco do Brasil; Detinho foi construir no Espírito Santo; João Preguinho foi vender sapato em Goiás; Wellington de Seu Dorico se mandou para o Rio de Janeiro; Deí, só frequenta as altas rodas da indústria, na companhia de Pidocha; Dadá de Antônio Batista, se não faz chover no Banco do Brasil, ainda escurece o céu; seu irmão Mimi meteu-se na política e tem cadeira cativa na Câmara de Araripina e, nesses dias, dá um salto; até Zé meu irmão mandou-se pra Salvador; Eliomar de Seu Evaristo não quer mais saber de sua bicicleta. Que faz Raimundo de Ana? E Nivaldo de Seu Anelo? E Chocolate? E Toinho de Dona Mariquinha?
E agora com quem vou brincar? Não encontro mais nenhum companheiro.
Troco de roupa ponho a gravata e o paletó e vou cuidar dos problemas dos outros. É este o meu caminho.
Foto: Acervo Histórico

Postar um comentário
Blog do Paixão